quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Encanto Negro

Encanto Negro

Sentei silenciosamente na areia do rio.

Refletindo sobre os mistérios da natureza e em como eu estava reagindo a ele.

Olhei a areia em meus dedos, querendo entrar em meu ser.

Naquele momento eu fazia parte daquela cena em movimento...

O vento agitava a natureza e meu cabelo participava de um movimento natural.

Ali eu deixava a natureza me conduzir para algo que me envolvia e me enlaçava para dentro do meu próprio ser. Eu me sentia infinitamente parte daquele lugar e ao mesmo tempo eu tremia por minha insignificância.

Como me sentia infantil e solitária.

Naturalmente as lágrimas rolavam no meu rosto, meu corpo reagia.

Eu queria mais.

Eu queria ter feito mais, mas me sentia tão egoísta.

Eu não tinha um abraço, uma mão para segurar.

O sol queimava a minha pele branca, já começando ficar avermelhada.

Ardia, como ardia o meu coração amedrontado.

Eu continuava ali naquela areia, em uma espera.

Nada poderia me tirar do meu estado de reflexão.

A tarde ia embora rapidamente, como já tinha ido a minha juventude.

Eu estava madura, uma mulher feita, mas eu ainda estava sentada na beira do rio como me sentava quando criança.

Eu sentia que algo ia me surpreender, mas não conseguia ver.

Lentamente a noite caia e a magia se modificava.

Não tinha mais aquele calor da tarde.

Eu olhava para os lados, tudo se agitava naturalmente, o vento era frio.

Eu tinha que ir embora.

Mas o encanto da noite me segurava.

Eu queria algo que não conseguia visualizar naquele momento, e em nenhum outro momento qualquer.

Eu queria e quero.

E em minhas forças eu me entregava, olhava para cima e me sentia abraçada por aquela imensidão de estrelas.

Eu estava apaixonada, olhava aquelas estrelas e via um caminho de felicidade.

Quantos mistérios da natureza. E eu sorria com os olhos cheios de lágrimas.

Eu precisava dele ao meu lado, necessitava.

Eu tinha que ir embora, não podia esperar mais, estava frio.

Eu me deixei inebriar com aquele encanto negro.

Mas eu precisava ir embora.

Eu queria ir embora.

Meu corpo estava exausto e a noite...

A noite estava fria...


Simone Leite Gava


11 comentários:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

" A noite estava fria..."
Se vc estava sentindo um frio n'alma, possivelmente a noite poderia até estar quente. Quando isso acontece, não há lareira ou cobertor que dê jeito. O que pode dar jeito é uma atitude corajosa e ir buscar o seu sonho...mas cuidado, esse sonho não se encontra em padarias.

Anônimo disse...

Sensibilidade...vc vai fundo no coração de muita gente, como eu...que tb está nessa busca!
Li

Jackie @belhuda disse...

Amiga,
Quanta sensibilidade, algo que sai dos poros da gente e nos faz sentir assim.
Lindo!!!
Agora eu estou seguindo seu blog, automaticamente quando fizer qualquer publicação, vou ser avisada no email. Siga-me também para receber minhas atualizações.

Beijocazzzzzzzzzzzz

Antenor Rosalino disse...

Mesmo no silêncio da noite e sentindo a alma nívea e triste, é encantador o seu versejar, Simone. Parabéns e um grande abraço!

Anônimo disse...

Mesmo no silêncio da noite e sentindo a alma nívea e triste, é encantador o seu versejar, Simone. Parabéns e um grande abraço!

Rita Lavoyer disse...

Olá, Simone! Obrigada pelo convite.
Bonito e sinsível o traçado que fez sobre a sua tarde, a sua noite.
Ás vezes, estamos assim mesmo, nostálgicas. Outras vezes, continuamos do mesmo jeito.
No português claro: ôôô saco !!!!
Quer saber de uma coisa? Quando a nostalgia dominar o espaço,deixe-a.
É ela que torna belo aquilo que por dentro é tristeza.
É assim. Há um o modo de escrever e outro de ler as coisas.
Parabéns.

Rita Lavoyer disse...

Leia-se: " Bonito e sensível o traçado..."

Anônimo disse...

Simone: estava eu voando por ai qdo deparei-me com seus versos.Encantamento....defino assim o que senti.Parabéns.Glenn

Anônimo disse...

De uma alma de criança, que precisa de cuidados, de carinho, de atenção.
Assim é você minha amiga, uma mulher frágil, que se esconde, mas com muita garra, uma lutadora. Te conhecendo desde pititica, estará neste rio, onde é o seu lugar, curtindo suas raízes, onde foi criada. Com suas pescarias, seus peixes, seus pássaros, a natureza em ti. É a sua liberdade. Esta cidade te maltrata. O seu lugar é lá na beira do rio. Seu habitat. Te admiro por ser guerreira. Não está sozinha. Bjo

Renata C.

Anônimo disse...

Neste ritmo dos sentimentos, muitas vezes nos acovardamos. O coração esfria, não deixando nos envolver com a natureza. O homem em sua essência interage com as coisas mais simples... e o amor somente faz com que aquele brotinho vire a flor que vem perfumar, as amizades, e todas as pessoas que nos rodeiam.

Beijo para vc uma flor.

Flora Lemos

Unknown disse...

Oiii, Si! Lindo texto, flor! Amei! ^^
Ele é muito sensível, delicado e profundo!

Adoraria que comentasse em meu blog! ^^
Postei uma letra de música que eu escrevi!


Mil beijos,
Mari.